quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Osteoporose e a ponta do iceberg


A osteoporose é uma doença esquelética caracterizada pela diminuição na densidade óssea e alteração na microarquitetura óssea. Com alto potencial de gravidade, é silenciosa na maioria dos casos, enfraquecendo os ossos a ponto de causar fratura após uma simples queda, ocorrendo principalmente no ambiente doméstico.

Aproximadamente uma mulher a cada duas, e um homem a cada quatro acima dos cinquenta anos, sofrerão pelo menos uma fratura ao longo da vida. Anualmente, o número de fraturas por osteoporose é maior que a incidência de IAM, AVC e câncer de mama combinados.
A fratura de quadril é considerada a de maior morbimortalidade, devido a internações prolongadas, necessidade de cirurgia e reabilitação. Cerca de 44% dos indivíduos serão novamente internados e 21% morrerão em um ano. Dos sobreviventes, muitos sofrerão com limitação física, dor crônica, depressão, infecções e novas fraturas, levando a altos índices de hospitalização e mortalidade geral até quatro vezes maior do que a população de mesma idade.
polimedicalização é um dos principais determinantes no risco de quedas e, consequentemente, de fraturas. No estudo realizado por Munson et al, observou-se o uso de medicações em pacientes com fratura de quadril, úmero e punho quatro meses antes e após o episódio. As medicações foram classificadas quanto ao risco de proporcionar quedas (por ex. sedativos, antidepressivos) e de reduzirem a densidade mineral óssea (por ex. inibidores de bomba de próton, corticoides).
Mais de 85% dos pacientes ainda tomavam pelo menos uma dessas medicações após quatro meses de fratura. Além disso, ao analisar cada classe de medicamento individualmente, era mais frequente iniciá-las após fratura. Por exemplo, 3.786 pacientes pararam de tomar sedativos, enquanto 8.672 pacientes iniciaram sedativos neste período. O mesmo foi observado com outras medicações: inibidores de bomba de próton, antidepressivos e antipsicóticos.
Um segundo ponto importante, trata-se do baixo índice de terapia para osteoporose após fratura: apenas 22% dos pacientes acometidos no quadril foram tratados com bisfosfonatos nos quatro meses seguintes ao evento.
Portanto, os achados de Munson et al sugerem que mesmo após um episódio grave como fratura de quadril, muitos profissionais de saúde não se preocupam com o uso racional de determinadas medicações. Mais ainda, negligencia-se com frequência o tratamento para osteoporose após fratura, aumentando de maneira significativa o risco de um novo evento.
Assim como a ponta de um iceberg, inofensivo na superfície e capaz de naufragar navios por baixo d’água, a osteoporose passa desapercebida nos consultórios médicos e segue vitimando milhares de pessoas todos os anos.
Fonte: PebMed

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