terça-feira, 6 de junho de 2017

Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) Crescem de Três a Quatro Vezes em Países da América Latina na Última Década


Dados de crescimento na região e seu impacto na vida e saúde dos pacientes são apresentados no IX SIMADII (Simpósio de Atualização Multidisciplinar em DIIs)/II PANCCO (Congresso da Organização Pan-americana de Doença de Crohn e Colite), que aconteceu na cidade de São Paulo, entre os dias 2 e 3 de junho.
Fatores ambientais e predisposição genética são algumas das prováveis causas do aumento das doenças inflamatórias intestinais em regiões da América Latina, conforme análises apresentadas, durante a abertura do II Congresso da PANCCO – Organização Pan-americana de Crohn e Colite Ulcerativa, que acontece dias 2 e 3 de junho, em São Paulo, concomitantemente ao IX SIMADII – Simpósio Multidisciplinar de Atualização em DII, encontro bianual da ABCD – Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn. Os dados foram apresentados por Dr. Jesus K Yamamoto Furusho, presidente da PANCCO e fundador e diretor da Clínica de Doenças Inflamatórias Intestinais, do Instituto Nacional de Ciências Médicas e Nutrição Salvador Zubirán (México). Doença Inflamatória Intestinal designa grupo de doenças inflamatórias, crônicas e sérias do trato gastrointestinal, sendo Doença de Crohn e Colite Ulcerativa as mais comuns. As DIIs são mais frequentes em centros desenvolvidos, como Estados Unidos e países europeus; entretanto, na última década, apresentaram crescimento de três a mais de quatro vezes em determinados países da América Latina, incluindo Argentina, Brasil, Chile e México1 , em relação à década anterior.
Ambas afetam principalmente adolescentes e adultos, entre 15 e 35 anos de idade, homens e mulheres indistintamente. “As causas exatas ainda não são totalmente conhecidas, mas sabe-se que quanto mais desenvolvida a região, maior a prevalência das DIIs. São doenças de centros urbanos”, informa Dr. Flavio Steinwurz, gastroenterologista especializado em DIIs e secretário geral da PANCCO e da ABRAPRECI - Associação Brasileira de Prevenção de Câncer Intestinal. Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa – Tabagismo pode ser uma das causas que predispõem às DIIs, mais notadamente, Doença de Crohn (DC). Segundo Dr. Yamamoto, “sabe-se que os fumantes têm o dobro de risco para Doença de Crohn do que os não fumantes e o risco persiste mesmo depois de abandono deste hábito, entretanto, os pacientes apresentam melhora nos sinais da doença já um ano após a suspensão do hábito de fumar”.
A DC geralmente envolve o final do intestino delgado (íleo) e o começo do intestino grosso (cólon), mas pode ocorrer em qualquer parte do trato gastrointestinal - da boca ao ânus. Os sintomas da doença incluem cólicas abdominais, perda de peso e, em alguns casos, sangramento retal. Outros sintomas comuns são diarreia e febre. Os pacientes com DC grave podem apresentar sintomas mais sérios, assim como dano no tecido intestinal e abscessos (bolsa ou cavidade, que acumula pus, gerando inchaço e inflamação). “Cerca de 90 por cento dos pacientes relatam diagnóstico tardio, isto é, demoram de cinco a oito anos, para receberem um diagnóstico preciso de DC, depois de passarem por até cinco médicos diferentes nesta jornada”, afirma Dr. Yamamoto.
“Quanto mais demorado o diagnóstico e o inicio de tratamento, maior é o impacto negativo na saúde do paciente: maior risco para câncer, maior risco de infecções, maior recrudescimento da doença e menos qualidade de vida”. A retocolite ulcerativa envolve a parte interna do cólon e do reto, resultando em diarreia, cólica abdominal e sangramento retal, sintomas semelhantes à DC. Geralmente, as pessoas são diagnosticadas com retocolite ulcerativa por volta dos 35 anos de idade, apesar da doença poder ocorrer em qualquer idade. “É importante que as pessoas vivenciando sintomas das DII procurem o especialista, para diminuir a sua progressão, que podem levar à necessidade de cirurgias sérias, como colostomia”, alerta Dr. Flavio Steinwurz.
Sobre a PANCCO
A Organização Pan-americana de Crohn e Colite foi criada em 2011, pela união de gastroenterologistas de diferentes países da América Latina, incluindo Argentina, Brasil, Colômbia, México e Venezuela, além de Canadá, com o propósito de juntar esforços para a consolidação acadêmica e cientifica sobre as doenças inflamatórias intestinais em países da região. Para mais informação, acesse www.pancco.org
1- La Epidemiologia Cambiante de La EII Y Su Relevancia em LatinoAmericana, Dr. Jesus K Yamamoto Furusho, 2015.

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