segunda-feira, 27 de março de 2017

Ceará pode se tornar vanguarda na gestão em Saúde, diz ex-ministro do País Basco




Nos próximos oito anos, estima-se que o impacto gerado na saúde por questões como o envelhecimento da população mundial será equivalente ao que houve nos últimos 40 anos, segundo o ex-ministro da Saúde do País Basco, Rafael Bengoa. De acordo com ele, a transformação do sistema de saúde para conseguir prestar mais serviços com menos recursos é, sobretudo, um “exercício de gestão”. O médico e consultor internacional da Organização Mundial de Saúde (OMS) ministrou na noite de quarta-feira (15), a conferência “Como melhorar a eficiência da gestão e os resultados do nosso sistema de saúde”, no Auditório Waldir Arcoverde da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

O consultor em saúde, que veio a Fortaleza acompanhando uma missão do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), entre os dias 13 e 15 de março, falou para cerca de cem participantes, dentre eles o secretário da Saúde do Ceará, Henrique Javi, e o secretário-adjunto Marcos Gadelha, o secretário da Fazenda do Estado, Mauro Filho, o reitor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Jackson Sampaio, além de gestores da Sesa e das unidades de saúde da rede estadual, secretários municipais de saúde e representantes do Conselho Estadual de Saúde (Cesau), do Conselho das Secretarias Municipais do Ceará (Cosems), da Associação dos Prefeitos do Ceará (Aprece), da Promotoria de Justiça de Defesa de Saúde Pública, da Defensoria Pública do Estado e do Tribunal de Contas do Estado (TCE).

Durante a conferência, Bengoa propôs o investimento em prevenção, o uso de medidas aliadas à tecnologia, como a telemedicina e o telemonitoramento, o estímulo aos cuidados integrados e a maior participação dos profissionais e dos pacientes (autogestão) para colaborar na transformação do sistema de saúde. “As transformações que estamos tentando propor é que se siga fazendo boa medicina aguda para atender o agudo, mas que se complementa com um modelo que é muito melhor para as doenças crônicas. Neste exercício de mudança, o Ceará pode ser a zona pioneira no Brasil para a vanguarda, para esta transformação tão importante”, defendeu.


Proexmaes

Na área da saúde, o Governo do Ceará mantém parceria com o BID desde 2007, com o Programa de Expansão e Melhoria da Assistência Especializada à Saúde do Estado do Ceará (Proexmaes), encerrado no ano passado e que deve ser renovado em breve. O Proexmaes ajudou a ampliar o acesso aos serviços de saúde no Estado, com a implantação das Policlínicas e dos Centros de Especialidades Odontológicas regionais (CEOs) e financiamento do BID.

O Proexmaes II terá investimento de US$178,5 milhões, sendo US$123 milhões do BID e US$ 55,5 milhões de contrapartida do Estado. A meta é promover a melhoria da qualidade dos serviços em saúde, envolvendo investimentos em Tecnologia da Informação, capacitação de gestores e técnicos e a acreditação das unidades de saúde, um sistema de avaliação e certificação da qualidade de serviços de saúde.

“O grande objetivo  por trás desse programa de expansão é que através dessa rede (no Ceará), devidamente estruturada e bem gerida, a gente poderia sim visualizar o fortalecimento sanitário como um todo. É essa a grande meta e é isso que esse momento representa”, disse o secretário Henrique Javi.


Transição

“O Ceará tem uma oportunidade de liderar a difícil transição que agora necessitam fazer todos os sistemas de saúde do mundo emergente. Todos (os países)  temos problemas parecidos em diferentes graus. Todos temos muita gente envelhecendo e muita gente com doenças crônicas”, explicou Rafael Bengoa.

Para o ex-ministro, o modelo de saúde atual no Brasil e em vários outros países é assistencial e não está bem sincronizado com a demanda de envelhecimento e de aumento das doenças crônicas. Bengoa considera ainda que esse modelo é pouco preventivo e pouco proativo.

Em 2009, Rafael Bengoa foi nomeado ministro da Saúde do país Basco, onde esteve à frente da transformação da saúde para um modelo mais proativo e focado nas necessidades dos doentes crônicos. Bengoa, que também é membro sênior da Universidade de Harvard e professor-assistente na Universidade McGill, no Canadá, veio ao Ceará para prestar consultoria em Saúde. Durante a missão do BID, com a participação de Bengoa como consultor, foi anunciada na segunda-feira, 13, a aprovação de acordo de cooperação técnica com o Estado no valor de 450 mil dólares para o setor.

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